O REINO MÉDIO
O enunciado geral para o período chamado de
Reino Médio é que o Estado faraônico voltou a ser
um Estado unificado. O que fica em aberto é a
questão da nomenclatura a ser usada para aquilo que
foi reunificado. Como devemos denominar a situação
do Egito que antecedeu tal reunificação? Para tanto
temos que voltar a questão tratada anteriormente,
ou seja, como devemos caracterizar o 1º Período
Intermediário?Dois conceitos estão disponíveis. Um é o de
Estados feudais, analisado atrás. O outro é o de
Reinos Confederados. A diferença entre os dois
não é apenas uma questão de semântica.
A adoção do primeiro conceito – Estados feudais
– induz a se pensar que a reunificação se processou
a partir de um conjunto de Estados autônomos. De
quantos? Dez? Vinte? De 42, que eram os nomos do
Antigo Reino? Ninguém se arrisca a dizer. Estados
independentes, igualmente desprovidos de recursos,
voltados para dentro, sem grandes atividades
mercantis.
A adoção do outro termo – Reinos Confederados
–, que alguns egiptólogos estão começando a usar
(mas que ainda não está consagrado nos manuais
disponíveis) tem a vantagem de escapar da noção
de unidades fechadas, desprovidas de recursos e
desinteressadas no comércio. Outra vantagem dessa
noção é que ela induz a se pensar num número menor
de organizações, já que o conceito “confederação”
implica na ideia de uma associação de Estados,
autônomos em algumas coisas, mas subordinados a
um Estado maior, a um Estado líder, em outras.
Visto nessa segunda perspectiva, poderíamos
vislumbrar a reunificação como sendo precedida da
formação de três confederações. A do Norte, liderada
por Hieracópolis, a do centro, capitaneada por Tebas,
e a do Sul, por Elefantina. Especulando um pouco mais,
poder-se-ia pensar que a fonte dessas 3 hegemonias
viesse do controle das 3 principais rotas de negócios
que o Egito explorava. A do Sinai teria ficado com
Hieracópolis. A do Mar Vermelho, via Wadi Hammamat,
com Tebas. A da Núbia, com Elefantina
.A ideia que se tem é que a reunificação se
deu a partir da confederação liderada por Tebas,
que primeiro teria dominado o sul, até Elefantina.
Teriam restado então duas confederações, a do Sul,
liderada por Tebas, e a do Norte, por Hieracópolis.
No confronto final, Tebas venceu Hieracópolis,
reunificando o Egito.
O príncipe que liderou a unificação era devoto do
deus Monthu, representado como
um falcão, com uma coroa formada
de um sol e duas penas.Antes da ascensão do deus Amon, na XII Dinastia,
Monthu era o deus principal de Tebas. Com a adoção
de Amon como deus dinástico foi dado a Monthu o
papel de seu filho, até ser substituído nesse papel pelo
deus Khomsu.Governou de 2062 a 2012 a.C. Os primeiros
vinte anos de seu governo, ao final dos quais trocou
de nome pela primeira vez, foram destinados a
consolidar a unificação. Os métodos foram diversos.
Desde o emprego da força até a negociação. Dos
príncipes locais, alguns foram demitidos, outros
conservados, mas sempre formando os quadros de
seus delegados provinciais e de representantes para
missões especiais só com tebanos de origem. Os
anos seguintes foram de ações externas
Tal tese da continuidade histórica, aplicada aos
grandes processos, não tem dúvida que se confirma.
Na política externa, as ações dos governantes do
Reino Médio constituem, basicamente, em reafirmar a
garantia da presença do Egito no Sinai, na rota do Wadi
Hammamat, e na região entre a 1ª e a 2ª Catarata. Tal
como no Antigo Reino. Na política interna, as ações
governamentais consistiram em procurar o ponto de
equilíbrio entre o centralismo e o regionalismo.
Já no tocante à cultura, essa tese da notável
continuidade não é tão pacífica. Aliás, isso foi lembrado
pelo seu próprio autor quando enunciou que o referido
enunciado só pode ser acatado “se descontarmos
modificações secundárias ou de detalhe”.Essa mesma questão pode se apresentar
quando se trata da estatuária do
faraó Monthuhotep. Existe uma
estátua que acredita-se
ter feito parte daquele conjunto de
figuras do rei colocadas no pátio
arborizado do seu templo funerário.
Ao lado dos signos tradicionais
como a coroa e o barbicacho
da realeza, os braços cruzados,
portando o açoite e o cajado,
aparecem características diferentes
da estatuária do Antigo Reino, como
é o caso dos pés, desproporcionais
ao resto do corpo.
Existe outra imagem do faraó Monthuhotep, a
qual foi milagrosamente conservada no interior do seu
templo funerário, enrolada em panos e praticamente
intacta. O faraó aparece sentado, num
alinhamento de absoluta verticalidade. Traz a coroa
vermelha do Egito do Norte e está envolto num pano
de linho branco, usado no ritual do jubileu. Os braços
estão cruzados na altura do peito e também carrega
o barbicacho postiço. Todos esses aspectos alinham
a figura na representação tradicional dos antigos
faraós do Norte.No aditamento dessa tese das mudanças
consideráveis, em decorrência de uma presumível
“africanização” dos círculos ligados ao faraó, podem
ser lembradas as tumbas de mulheres da corte
(esposas do rei?), as quais, na pintura, são pintadas
de negro, e nos relevos, revelam
caracteres africanos.Sobre o sucessor de Monthuhotep I o que se sabe
é que teve um reinado bastante curto. Não obstante,
parece que realizou muitas obras nos templos,
principalmente no Norte, com trabalhos de relevo de
admirável sobriedade. Outra marca de seu governo
foram as grandes expedições na rota do Wadi
Hammamat.
O intendente Henenu, comandante de
uma delas, deixou gravado nas pedreiras do local o
relato da expedição. Uma parte da expedição ficou
extraindo blocos de pedra, enquanto a outra seguiu a
pé até o Mar Vermelho, com produtos e o madeirame
para construir navios. Ao longo dos quase 60
quilômetros que separam as pedreiras do litoral do Mar Vermelho foram perfurados 12 poços para suprir o comboio de água.No caso do último faraó da XI Dinastia, o rei
Monthuhotep III, repete-se o caso de outras situações
anteriores, cujas informações sobre o governo dos
reis que encerram uma dinastia escasseiam de tal
forma que se fica com a impressão que os mesmos
foram marcados por crises e descalabros.
Como quase sempre acontece, o transcurso da
XI para a XII Dinastia está envolto em mistério. A
impressão mais comum entre os historiadores é que
ela foi acompanhada de um “golpe de Estado”, pelo
qual o vizir Amenemat (literalmente “Amon (Amen)
está (ne) na cabeça (mat)”, no sentido de “Amon
está no alto”) teria sido conduzido ao poder depois
de um período que se supõe conturbado, com uma
forte oposição que, inclusive, poderia ter assumido
o caráter de uma guerra civil entre os partidários do
novo rei (incluído aí o clero de Amon) e os partidários
do rei “deposto” (incluído aí o clero de Monthu). Mas
tudo isso, por enquanto, são hipóteses de pesquisa
ainda não inteiramente comprovadas. Uma das mais
marcantes realizações
do governo de
Amenemat I foi a
edificação de uma
nova capital.
Tratava-se de
capital fortificada,
nas proximidades
de Mênfis e do Lago
Moeris .
A cidade passou
a se chamar de
Amenemat Ity-Tauy
(literalmente “Amenemat conquistador das duas
terras”), ou simplesmente Ity-Tauy.
Foi na nova capital que se abriram escolas para
a formação de futuros funcionários da administração
real, escribas leais ao novo governo. Um texto que
circulava nessas escolas era o Kemit (ou, o Livro
das Instruções), mais conhecido como a Sátira dos
Ofícios, denominação dada pelo grande egiptólogo
Gaston Masperó. O seu tema: um pai conduz o filho
para a escola e aproveita o ensejo para os seguintes
ensinamentos:
Uma importante mudança verificada na
representação desses dois últimos faraós da XII
Dinastia – Senuosret III e Amenemat III – foi a substituição das imagens serenas
e impassíveis dos faraós do Antigo Reino, pela de
governantes com as feições mais enérgicas, duras,
contraídas e até mesmo um tanto ameaçadoras.
É um estilo da estatuária faraônica que poderíamos
chamar de ESTILO SEVERO.
Doberstein,Arnaldo w. Egito Antigo,Porto Alegre,ediPUCRS. 2010
RELIGIÃO E MAGIA NO EGITO ANTIGO
Sinopse: Todos os aspectos da sociedade egípcia, da educação e do direito à medicina, do nascimento à morte, foram permeados pela religião e pela magia, e dominados por forças divinas do sol e do Nilo. Neste trabalho instigante, Rosalie David traça a história das práticas da fé egípcia. Religião e Magia no Antigo Egito é o primeiro livro a fornecer uma visão histórica completa das crenças dessa civilização extraordinária, abrangendo desde os primeiros assentamentos em 5000 a.C. até a província romana do século IV a.C. No fim do livro, a autora disponibiliza um glossário com novas traduções de feitiços egípcios. Um trabalho essencial para estudantes, estudiosos, ou qualquer pessoa fascinada pelo mundo antigo. Perfeito para fins educativos ou somente como passatempo. Se você tem paixão por um bom livro,Religião e Magia no Antigo Egito será um deleite!
David,Rosalie.Religião e magia no Egito Antigo,Editora Difel,2011.
O Egito é o lar de muitos famosos tesouros arqueológicos do planeta. Ao longo dos últimos cinco anos, o país sofreu uma tumultuosa revolução e o número de turistas despencou. Este programa acompanha uma série de indivíduos determinados a colocar o Egito de volta ao topo: ao descobrir mais da sua história, manter suas tradições seguras e convidar turistas a visitarem o país novamente.
https://www.youtube.com/watch?v=062miemAXb0
22-05-2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário